Por Camila Arias, BDM de Education na Adistec Brasil
Um grande desafio para as grandes empresas e PMEs nos últimos anos continua sendo o apagão de mão de obra de TI. Embora muitos profissionais cheguem ao mercado de tecnologia todos os anos, com uma projeção estimada em 53 mil, de 2021 até 2025, o país ainda sofre com um déficit de trabalhadores qualificados na área de tecnologia: 530 mil até 2025.
Para entender melhor esse cenário, o Google em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) publicou recentemente um estudo intitulado “Panorama de Talentos em Tecnologia” com o objetivo de identificar os setores que apresentam os maiores déficits globais de talentos, que são: segurança da informação, inteligência artificial, arquitetura de nuvem e organização de I/Automação, respectivamente.
Além das dificuldades internas, a concorrência acirrada com grandes empresas nacionais e internacionais intensifica a competição por esses talentos altamente qualificados. Este tipo de profissional frequentemente busca oportunidades e salários melhores no exterior, desvalorizando o mercado de tecnologia brasileiro e diminuindo sua atratividade para profissionais locais. A pesquisa mostra que 73% concordam que as condições mais atrativas estão disponíveis internacionalmente.
Além disso, 60% acreditam que a remuneração no mercado brasileiro não é competitiva em comparação aos mercados internacionais. Esse déficit de profissionais impacta diretamente no crescimento das empresas, podendo determinar sua sobrevivência no mercado.
Outro problema é a homogeneidade do mercado brasileiro, que se traduz pela concentração de profissionais da Região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, e a escassez de mulheres e pessoas negras. Na pesquisa, apenas 15% dos entrevistados consideram o mercado verdadeiramente diverso.
Incentivos
Já dizia Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. A mudança do cenário deve começar pela educação: com estímulo ao desenvolvimento do pensamento lógico, programas de capacitação e certificações para preencher as lacunas existentes – tanto em termos de quantidade quanto de qualidade; para lidar com a escassez de profissionais seniores, um ambiente de aprendizado contínuo, onde profissionais mais experientes possam compartilhar conhecimentos e experiências. A promoção de diversidade também poderia motivar grupos excluídos, enriquecendo o ecossistema brasileiro de profissionais de TI.
Incentivos e programas de capacitação voltados para esses grupos serão fundamentais para mudar a dinâmica do nosso mercado. Temos como exemplo de grande iniciativa de sucesso, o programa Meninas Digitais, criado em 2011 pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), conectando uma comunidade de mais de 18 mil pessoas, visando atrair meninas do ensino médio e do último ano do fundamental, por meio de palestras, minicursos e oficinas.
Existem outros exemplos nacionais e internacionais de incentivo à educação, formação e diversidade. O próprio Google lançou um programa em 2012 chamado “Women Techmakers”, que oferece bolsas de estudo, mentoria e suporte para mulheres interessadas em ingressar na área da tecnologia. O programa visa aumentar a diversidade de gênero no setor de TI.
Treinamentos oficiais e certificações também possuem uma relevância significativa na missão de habilitar novos profissionais de TI e agregar talentos ao mercado. Ministrados em Centros de Treinamentos Oficiais (ATC), autorizados pelos fabricantes de tecnologia, estes cursos proporcionam aos profissionais reconhecimento na indústria, maior empregabilidade, oportunidades de carreira, credibilidade profissional, soluções avançadas de problemas, valorização pessoal e são um diferencial competitivo.
Os dados alarmantes e o potencial de valorização da nossa economia devem chamar atenção dos principais atores políticos e empresariais, a fim de intensificar ações coletivas que revertam esse cenário. Deste modo, mais pessoas serão qualificadas, transformando o país em hub de inovação.
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